quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Renato & Seus Blue Caps





Nome da banda: Renato & Seus Blue Caps
Ano de formação: Final dos anos 1950
Local: Rio de Janeiro/RJ
Integrantes (originais): Renato Barros (voz); Erasmo Carlos , substituto de Edson Barros (voz); Carlinhos, guitarra; Tony e mais tarde Gelson (bateria); Paulo César Barros (baixo) e Cid (saxofone)
Integrantes (atuais): (carece fonte)
Gênero: Jovem Guarda

Renato & Seus Blue Caps: O Show Continua

Há mais de quatro décadas fazendo sucesso, o grupo mantém um público numeroso e apaixonado que acompanha sua carreira nos mínimos detalhes. Renato Barros, o líder da banda, conversou com Matéria-Prima, numa entrevista exclusiva, onde fala do trabalho, do sucesso, dos bastidores e da vida pessoal.


Mais de 40 anos ininterruptos de carreira, por isso mesmo, incluído no Guines Book como o mais antigo grupo de rock em atividade do planeta; muitos discos gravados – entre LPs, 78 RPMs, compactos e participações em coletâneas; um público incondicionalmente fiel, que passa de gerações a geração, como herança imaterial; e um sem número de história para contar. Dessa forma, pode-se resumir a carreira de uma trupe que marcou e vem marcando, decididamente, o universo musical brasileiro: Renato e Seus Blue Caps.

Os discos continuam sendo relançados em CD’s, os convites para apresentação ao vivo são freqüentes na agenda e as platéias, a cada ano, ganham a ruidosa participação de faixas etárias que não testemunharam o apogeu da banda, mas seguem, de perto, a confortável estabilidade de sua marca. “Acredito que esse retorno, essa fidelidade do público não seja á toa: tem a ver com a seriedade, a honestidade e o respeito que sempre mantivéramos em relação ao nosso trabalho. Torço para que os jovens sempre melhorem seu gosto musical, porque, infelizmente, o que temos visto por ai, em boa parte do cenário musical, é um atentado ao bom gosto”, afirma Renato Barros.

Tudo começou quando, no final dos anos 50, os irmãos Renato, Edson e Paulo Cersa Barros, jovens cariocas do bairro de Piedade, resolveram tocar e cantar, influenciados pelo o rock’n´ roll de Elvis, Little Richards e Bill Halley, fazendo mímicas de gravações que eram sucesso, com performances muito comuns, á época. Adotaram a bizarra alcunha de Bacaninhas do Rock da Piedade e, assim, fizeram a primeira e desastrosa incursão pelo o rádio, apresentando-se num consumo de “conjuntos”, no programa Hoje é dia de Rock da Piedade, realizado pelo o rádio Mayrink Veiga e apresentado pelo radialista Jair de Taumaturgo, de onde saíram sob estrepitosas vaias. “Foi tão ruim que eu jamais esperava que algum dia pudesse dar certo”, conta Renato, bem-humorado.

Mas quem falou em desistir? Jamais! Refeito do fracasso momentâneo, os garotos da Piedade resolvem aperfeiçoar a técnica, passando horas trancados, exercitando as mãos nos respectivos instrumentos. Paulo Cezar, por exemplo, que tocava piano com dois dedos, descobriu que seu forte era mesmo o contrabaixo e nunca mais largou.

Aos irmãos Barros, juntaram-se, então, os amigos Euclides, Gelson e o saxofonista Roberto Simonal (irmão de Wilson Simonal). Jair Taumaturgo, possivelmente, antevendo que o potencial dos rapazes os levaria para bem mais longe, sugere o novo nome, Renato & Seus Blue Caps, Inspirado no grupo americano Gene Vicent And Hit Blue Caps. Sucederam-se as muitas aparições em programas de rádio e TV, a exemplo do antológico Os Brotos Comandam, da TV Rio, apresentado por Carlos Imperial e do Domingueira do Rock, apresentado por Jair de Taumaturgo.

Os anos 60 foram tempos de muito boas colheitas, na carreira do grupo. O retorno ao programa de rádio de Taumaturgo, como que para apagara as péssimas lembranças de estréia, em 1959, aconteceu em grande estilo: interpretando Be-bop-a-lula, de Gene Vicent, mas com o arranjos dos Everly Brothers para duas vozes – coisa inédita no Brasil, nesse gênero – a banda conquistou o primeiro lugar da semana e, em seguida, o prêmio de melhor do mês. A recompensa, por tal façanha, foi uma participação no programa do Chacrinha, na extinta TV Tupi. Era apenas o começo de uma trajetória ascendente, na cena nacional da música.

Teve início uma série de registros fonográfico, com a gravação do primeiro disco 78 rotação, pelo selo Ciclone, em que acompanha o grupo vocal Os Adolescentes. Aliás acompanhar outros artistas tornara-se uma constante na atuação dessa trupe, incluindo,
nesse elenco, nomes do quilate de Roberto Carlos e Tom Billy, com quem gravou, no ano seguinte, pelo mesmo selo.

Uma nova aparição no Programa do Chacrinha lhe rendeu a contratação pela gravadora Copacabana, onde lançou dois 78 rotação e dois LPs. De outro lado, o primeiro trabalho com Roberto Carlos, na gravação de Splish Splash e Parei na Contra-mão, estourou, garantindo os primeiros laços com a CBS e, posteriormente a contratação do grupo e o lançamento de um compacto duplo e de mais um LP. “Durante as gravações de Viva a Juventude, fiz, despretensiosamente, a versão em português para a música Ishould have known better, dos Beatles, que recebeu o nome de Menina Linda”, conta Renato.

Mal sabia ele que a ocasião se tornaria o maior sucesso do grupo, ao longo de quatro décadas de trabalho. “Quando a apresentamos no programa de Carlos Imperial, a repercussão foi tão boa que acabou incluída no LP que entrou em todas as paradas de sucesso do País”, celebra o músico.

Outro encontro entre Renato & Seus Blue Caps e Roberto Carlos aconteceu mais tarde, com a gravação do LP campeão de vendas, Roberto Carlos em Ritmo de Aventura.

Foram registradas diversas alterações na composição da banda que já começava a se destacar pelo o repertório que incluía muitas versões dos Beatles e de outros artistas internacionais, além de composições próprias, interpretadas de forma peculiar. Uma dessas mudanças mostra Erasmo Carlos substituindo Edson Barros que deixara o Renato e Seus Blue Caps para fazer carreira solo, com Ed Wilson. Em outro momento, podem-se constatar os vocais de Ivanilton, mais tarde conhecido Michael Sullivan. A grande onda era, então, a Disco Music, o ritmo das discotecas que influenciou fortemente a produção grupo no LP anual de 1979.

O troca-troca de nomes, no entanto, não causo danos à carreira dessa trupi que, passo a passo, de festa em festa, baile em baile, em excursões nacionais e internacionais, foi dizendo a que veio. A aparição no programa Jovem Guarda, da Rocord, foi decisiva para que conquistasse, definitivamente, o merecido espaço no cenário da chamada “música jovem”. Nesse curso, em 1966, o grupo atinge o auge da popularidade, com o lançamento do LP Um Embalo com Renato & Seus Blue Caps, seu maior sucesso de público e vendas.

Outra ocasião na qual o sucesso falou em bom tom foi quando o grupo, interpretando uma versão da bela Mr. Tambourine Man – um clássico dos anos 60, de Bob Dylan -, Protagonizou um videoclipe, exibido no Fantástico, da TV Globo.

Em 1982, após 28 anos na mesma gravadora, a banda se transfere para a RCA lançando um compacto simples e em seguida o LP Pra Sempre. Depois disso, um hiato de quatro anos, sem gravar. O retorno já aconteceu sob os auspícios de outro selo, a Continemtal, com o bem sucedido LP Baton Vermelho que trouxe o grupo de volta á mídia e aos palcos. A participação da coletânea 30 anos da Jovem Guarda, produzida por Márcio Antonucci, em 1995, marcou no regresso do Renato e Seus Blue Caps ao universo fonográfico. No final de 2001, mais uma novidade: o esperado disco Ao Vivo é lançado pela Warner, com mais cinco faixas inéditas.

2005, 40 anos da Jovem Guarda. Data digna de todas as celebrações possíveis, afinal o movimento, independente de sues fãs e críticos, influenciou praticamente todas as gerações subseqüentes, tornando-se um capítulo fundamental na história da música brasileira. Renato e Seus Blue Caps, cuja trajetória antecede a Jovem Guarda, sem dúvida, escreveu muitas e muitas páginas desse capítulo.

Na programação dessa festa, o lançamento da caixa Renato e Seus Blue Caps, com 15 álbuns originais, mais um CD bônus com algumas raridades. O grupo participou, também, de diversos eventos comemorativos, a exemplo do projeto realizado pelo SESC que congregou vários expoentes da Jovem Guarda, nos espetáculos apresentados em diferentes unidades, culminado com a gravação de um CD/DV.

Outro projeto, realizado nessa mesma intenção, promoveu a gravação de um CD/DVD com a participação de integrantes das três mais representativas bandas de rock dos anos 60 e 70 – Renato e Seus Blue Caps, Os Incríveis e The Fevers – além de representantes de uma nova geração de roqueiros, Resultado dessa soma? The Originals – uma espécie de colcha de retalhos das memórias do rock no Brasil, nessa duas décadas!

A iniciativa animou fãs de todas as idades que lotaram diferentes espaços culturais para assistir á performance de seus ídolos, junto, no mesmo palco, na mesma embalagem, digamos assim. Para Renato Barros, no entanto, apesar de a idéia ser interessante, causou confusão na cabeça de muita gente: “começaram a achar, por ai, que o Renato e Seus Blue Caps tinha acabado. Não gostei”, diz ele com ar severo.

Mas, entre acertos e equívocos, estão todos – Renato, Cid, Darcy, Amadeu e Gelsinho, atuais integrantes do grupo – muito bem, obrigada. Entre uma reflexão e outra, a vida segue cheia de planos: “fazer um DVD mostrando o trabalho do grupo” , diz o líder da banda.

Num ping-pong curto e grosso, Renato revela um pouco das dores e delícias de estar sempre na berlinda, sob os holofotes, há mais de quatro décadas. Alguma saudade?. “Uma bem grande, do Hoje é dia rock. Apesar das vaias, foi ali que tudo começou “. Ídolos? “Gosto dos Beatles, mas não são meus preferidos. Minha paixão mesmo é Little Richards, Elvis Presley, Billie Holliday... e por ai vai”. Gratidão? “Aos jovens, que representam a renovação do público, pelo aplauso que a gente nem pede, é espontâneo “. Sucesso? “ Eu nem esperava, sabe? Devemos tudo ás pessoas que nos acompanham, que sempre estiveram presentes”. Arrependimentos? “Faria umas coisas, sim, outras, não. Por exemplo: fiquei mais de 20 anos como produtor e a banda caminhado quase sozinha. Apesar de ter dado certo, poderia ser melhor. Ás vezes penso que as coisas tomaram um rumo que não deveria ter tomado”.

E a prosa segue pelos os cantos da vida pessoal, detalhe importante para qualquer fã que se preze: Futebol? Ah, Flamengo... Fã de carterinha, de ir ao Maracanã e tudo” Amor? Viúvo desde 2006, Renato confessa que o casamento foi bom de 1972 a 1986. Depois disso? “Deixei pra lá...”, Um silêncio enorme. Mas volta a sorrir quando fala dos dois filhos e das duas netas, uma das quais “promete seguir a carreira do avó”. Hum.. isso tem cheiro de futuro. Show must go on!


[ Fonte: Revista Matéria-Prima, s/d ]


Renato Barros

Oi meu nome é Renato e fiz parte do grupo que foi formado no final dos anos 1950 pelos irmãos junto com os meus irmãos Edson e Paulo César, éramos jovens moradores do bairro da Piedade, no Rio de Janeiro, com o nome Bacaninhas do Rock da Piedade. O primeiro nome foi censurado e o radialista Jair de Taumaturgo sugeriu o nome definitivo, inspirado no conjunto norte-americano Gene Vincent And His Blue Caps. Tocamos no rádio e em programas de televisão, como Os Brotos Comandam, da TV Rio, apresentado por Carlos Imperial.

Gravamos o primeiro compacto em 1962 e nos notabilizamos principalmente pelas versões que faziamos de músicas de língua inglesa (a maioria era britânica), como "Menina Linda", versão de "I Should Have Known Better", "Até o Fim", versão de You Won't See Me" (ambas de Lennon / McCartney) e "Escândalo", versão de "Shame And Scandal In The Family" (Donaldson/ Brown). Já em 1963 o meu irmão Edson saiu do grupo e iniciou carreira solo com o nome de Ed Wilson. Ele foi substituído por Eramo Carlos, que teve uma participação breve no grupo. Nos tornamos um sucesso que apresentado no programa Joven Guarda, em shows, festas e bailes.

Em 1966 aparecemos em dois filmes: "Na onda do Iê-Iê-Iê" e "Rio, Verão e Amor".

Renato teve composições gravadas por outros artistas, como Roberto Carlos e Leno & Lilian. O grupo era formado por Renato Barros, voz; Erasmo Carlos , substituto de Edson Barros, voz; Carlinhos, guitarra; Tony e mais tarde Gelson, bateria; Paulo César Barros, baixo; e Cid, saxofone.

[ Fonte: cultura9m1.blogspot.com ]



[ Editado por Pedro Jorge, em 12/09/2011 ]



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